quarta-feira, 2 de março de 2011

eu, numa mola


eu, numa mola. ou melhor em duas.

abri um saco de miolo de nozes. usei algumas no almoço. quis fechar o saco. uso molas. umas mais bonitinhas que as da roupa para ficar um bocadinho mais bonitinho. mas nos tempos que correm, se forem das da roupa, também pode ser.

tirei uma mola da gaveta (que tem tudo... aquela gaveta que há na cozinha...). a mola "partiu-se" na minha mão assim que lhe peguei. pus de lado.

aqui é que começa o "eu" a sério: pus de lado. quando alguma coisa se estraga ou se desvia do processo que estou empenhadamente a desenvolver, não lhe dou muita atenção, ponho de lado. (depois logo arranjo, ou deito fora ou assim... e deve ser assim que acumulo coisas, assuntos e que belisco pessoas com indiferença).

siga. abri a gaveta e tirei outra. peguei-lhe. "partiu-se". também. ora aqui começa outra parte de mim: outra? espera lá, deixa lá ver. uma mola parte-se, ok. duas, já é... brincar comigo e fazer-me perder tempo, "nada funciona nesta casa?" (quando estou irritada), um sinal do mundo (quando estou sintonizada além), tem graça (quando estou sintonizada aqui). de qualquer dos modos. paro. nas duas opções finais, não hesito em olhar BEM, MUITO BEM para as molas, a ver o que se passa. às vezes até me sento. na primeira, tem dias... é uma questão de me sintonizar entretanto, aqui ou além.

sento-me. pego na segunda mola partida. arranjo a mola, que afinal não estava partida, só desencaixada. se estivesse partida e não conseguisse arranjar, deixava para o Rui, ou deitava fora (se suspeitasse que ele a iria por de lado).

arranjo a segunda mola. e arranjo a primeira mola. tudo muda.

tudo muda. afinal o saco ficou fechado. afinal não ficou nenhuma mola na bancada (de lado). e afinal tenho paciência, dedicação e sapiência para arranjar molas. afinal as molas são arranjáveis. e gostam de se desarranjar aos pares, se uma só não for suficiente.

o almoço, estava bom!

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